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e meio.

quinta-feira, novembro 30, 2006

maybe i'm amazed. - PCC conquista favela com leite e comida, Folha Online.

(...) O PCC distribui, por semana, 150 sacos de dois quilos de leite em pó, cem litros de sopa e até 60 botijões de gás de cozinha. O "programa" também inclui remédios e enxoval de bebê, que são distribuídos até mesmo a quem não é cadastrado. Favorece principalmente 97 famílias de uma área de risco, na parte baixa da favela.

(...) "Eu jamais vou falar mal deles [dos membros do PCC] ou dedurá-los à polícia. Não me fazem mal. Um dia meu menino teve febre alta e eu estava sem dinheiro para comprar remédio. Expliquei o que houve a um funcionário do partido, que depois voltou com o dinheiro na mão e fui à farmácia", diz Bruna, 30, mãe de duas crianças e já grávida de outra."



Certa vez ouvi uma história semelhante, de alguém que tinha parentes na Itália, região de Napoli. A familia que morava por lá não poderia ser mais costumeira - um casal, um par de filhas, marido ia para outra cidade trabalhar segunda, voltava sexta. Em uma grande casa, portanto, ficavam a semana inteira a mãe e as filhas.

Passeando pelas redondezas pela primeira vez, o florista da esquina reparou a presença do chefe de familia e o recebeu, dando-lhes as boas vindas à região. Mostrou-lhe a proximidade dos serviços da região, ofereceu-lhe alguns préstimos e, ao final da conversa, questionou-lhe sobre um pagamento, que deveria ser feito em benefício da vizinhança. Tendo recusado à primeira impressão, o florista ratificou a necessidade deste pagamento: "- Não lhe falo por mal, mas acho que é o melhor para sua família. Voce tem mulher, duas filhas, e fica fora de casa durante toda a semana. Acredito que é o melhor para todos nós."

Deu-se então que, mediante a tal argumento, o pagamento era realizado, de tempos em tempos, e fornecia segurança e estabilidade àquela familia - esta palavra era agora dúbia, pois mesclava nossa familia inicial à uma outra famiglia, mais sagrada.

Em um belo dia (durante a semana, obviamente), uma das duas bambinas se machucou feio, de forma que a mãe se desesperou e não sabia o que fazer, visto a ausência do marido. Os vizinhos repararam e, em pouco tempo, um homem bem vestido lhe apareceu à porta, perguntando se precisava de seus préstimos. Contada a história do que aconteceu, o homem lhe respondeu: "- Não se preocupe. Venha conosco, nós lhe ajudaremos". E, prontamente, mais dois colegas e um carro apareceram, prontos a levarem-as ao hospital. Todo o necessário foi feito, ambas foram devolvidas à casa e não haviam mais ponderações a serem feitas sobre aqueles pagamentos.


O que se aprende de ambas histórias é que, enfim, o Brasil começa a estabelecer sua máfia. Não com todo o padrão e estilo ao qual Hollywood nos acostumou, mas certamente com a mesma interpretação dependente do ponto de vista observado. As fundações máximas de uma entidade mafiosa, como a confiança interna e o poder paralelo estão aí. As diferenças também vêm a tona, adaptadas à situação social de cada localidade. A máfia brasileira também tem um quê de Robin Hood, de forma que sua fonte de sustentabilidade são investimentos ilícitos em troca de influencia e apoio(que, diga-se de passagem, nem é uma diferença tão grande assim à sua contrapartida européia).

Aliás, a comparação correta a ser feita com relação às ações que devassaram São Paulo e posteriormente causaram o caos na população é a estabilização de um poder paralelo mafioso, e não de um grupo terrorista, como a midia fala. Ainda que o ETA e o IRA sejam exemplos que possam ter paralelos com o cenário brasileiro atualmente e num futuro próximo, (a saber: anos e anos de guerra armada que perderam força e impacto devido à falta de um grupo de mentores que sustentassem sua idéia inicial e, por fim, se transformaram em braços politicos como o Sinn Fein e o Pasuna, respectivamente) o que une o PCC no Brasil não é um mesmo ideal ou politica. Ao menos, não esta que está sendo vendida para seus "aliados", a de partido da causa carcerária - ou estamos diante de chefes de tráfico que, num país de justiça totalmente parcial, estão querendo cumprir suas penas de forma honrosa para entao retornar ao mundo redimidos?

O que Bernardo Provenzano acharia de tudo isso?

11:59 PM.

 

 

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