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e meio.

sexta-feira, outubro 21, 2005

(eu acho que) meu samba é uma corrente - yea, people. eu tenho ouvido Chico Buarque. e Dave Matthews Band. meo deos, o que fizeram com esse garoto?



enfim. o texto a seguir é uma adaptação livre, minha, de um pedaço de um episódio de Lost. é o que eu posso fornecer em termos de textos ultimamente ;)

(...)
um belo dia, voce vai ao correio verificar sua caixa postal e, diferentemente das outras vezes, recebe uma carta. um papel com um telefone cai assim que você retira a carta. então, lê seu conteudo e começa a chorar, pois você é um fugitivo da polícia e precisa ver sua mãe no hospital, numa triste e pacata cidade do interior dos EUA - sua cidade natal, um campo minado de memórias e segredos de sua vida passada. ainda assim, você corta seus cabelos bem curtos, tinge-os num tom castanho claro e pega seu Ford Taurus e segue all the way to Oklahoma. tempos depois, a parada num Seven-Eleven das proximidades é inevitável e você liga para um telefone não tão desconhecido assim.

"Alô? Oi, Chloe. Não reconhece mais a minha voz? Sim, sou eu... é, faz tempo que saí da cidade, eu sei... nada mais me segurava por aqui. Quer dizer, voce me segurava, mas -silencio- escuta, cheguei na cidade. (...)"

obviamente você sabia que Chloe tinha ficado na cidade e tinha se tornado uma médica de respeito, mas não lembrava de como ela estava bonita na ultima vez que a tinha visto. na verdade, isso foi momentâneo e você lembrou da beleza idealizada que você tinha na sua mente e não conseguia acreditar como o tempo passou e ela conseguiu ficar mais bonita ainda. todo esse fluxo de memória em menos do que os quinze segundos contados entre o momento que ela te recebeu na porta, te convidou a entrar, vocês seguiram para a cozinha, pouco antes de tecer aquele incrível elogio sobre a bonita criança e o alegre casal que estavam estampados na foto da geladeira.

seu idiota.

ela balbucia alguma coisa sobre seu filho, sobre sua vida atual, sobre seu marido... e eventualmente - bem, não tão eventualmente assim - o assunto chega naquele ponto que ninguém queria. voce já sabe quais são as próximas palavras da boca dela, não quer nem precisa ouvi-las mas, ainda assim, deixas o tempo passar, ouvindo suas palavras. afinal, o que voce tem a perder? mas, acima de tudo, você é um gentleman, engole todo o seu orgulho e faz por parecer que você não queria que aquela conversa estivesse acontecendo. na verdade, ela nunca tomou nenhum tom pesado, ou de lavagem de roupa suja. no fundo, você queria, ela queria, mas fazia tanto tempo que as particularidades do mundo de cada um impediriam toda e qualquer possibilidade. ah, a viagem de seu marido. quatro dias em boston? claro, claro.

claro que vocês não tem muito tempo até que mamãe seja retirada da UTI para um teste, devidamente 'plantado' por ela. o que realmente importa agora é que aquela barreira imposta pelos limites do presente pôde ser ultrapassada com uma conversa sobre aquela velha capsula do tempo que voces fizeram quando tinham 11 anos. é claro que podemos verificar se ela ainda está lá, mas tempos pouco tempo. hurry.

aquele velho carvalho ainda está lá, ressurgido dos seus poucos elos com o passado. seu velho Taurus pára embaixo da sombra do luar, numa daquelas noites que voce nunca viu antes. fog all over the places. a partir do centro, embaixo do maior galho da árvore, seis passos - nada que uns 45min de escavações não façam. ela toma o artefato da sua mão, - Chloe sempre foi meio possessiva, e você gostava disso - encosta no carro e o abre.

"olha, aquele aviaozinho que você nao largava de jeito nenhum. é, eu não sei como foi que eu te convenci a colocá-lo aqui dentro... olha, minha boneca favorita! como senti a sua falta... eu cuidava muito bem de você. uma capa de jornal da época, um gibi seu... uma fita cassete. a fita cassete que nós gravamos. vamos ouvir?"

"quando a gente vier buscar essa capsula daqui a uns trinta anos, a gente já vai ser casado, não é mesmo, Chloe? -- ela não vai estar aqui, seu bobão! mas é claro que vamos. claro que vamos."

a essa hora vocês já se beijavam há muito. nao demorou muito, mas se entreolharam, sorriram do fundo do nosso coração e sabiam que aquilo era só para apaziguar toda a duvida que corroeu seus corações durante todos esses anos. valeu cada instante. "vamos. está na hora."

as vezes você não sabe nem porque nem em que estado você está em algum lugar. e é por isso que lá estava, tres e meia da manhã, sentado na sala de espera do hospital municipal. com um buque de flores na mão. Chloe chama silenciosamente (!), o corredor do hospital é o destino. Ela lhe dá licença, mas mamãe está sedada. Coloca o buque de rosas em seus braços, dá-lhe um beijo no rosto e explica que ela é muito especial. Nem deu tempo de terminar - ela acordou, mas o tempo é cruel para todos e não te reconheceu - "SOCORRO! SOCORRO! QUEM É VOCÊ?" - não dá tempo de explicar.

voce passa voando por Chloe no meio do caminho. ela, por algum motivo, te segue, avante, correndo, até o seu carro quando ela lhe pede explicações - não dá, não dá, não dá tempo, você sai com o carro, a polícia começa a fechar o cerco, voce arrisca tudo! a rampa do hospital está bloqueada apenas um carro de polícia. acelerador até o final, você fecha os olhos e vai!, passa pelo carro de polícia, mas derrapa na curva fechada que voce precisa fazer para seguir o seu caminho. a árvore é seu novo destino.

quando você olha para o lado, ela está do seu lado... Chloe? Chloe? o desespero bate. estica o braço para trás, tateia por algo, o power, a tomada, algo que dê um fim nisso tudo... a boneca de Chloe. a porta está aberta. uma ultima visão, e a rua é seu destino. pula a mureta e foge pelo canal vazio.

fade-to-black

12:06 PM.

 

 

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