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e meio.

quinta-feira, dezembro 26, 2002

Papai Noel,

Primeiramente, gostaria que você soubesse que EU SEI que estou escrevendo essa carta atrasada. Posso ser um cara tonto, mas ainda estou localizado no calendário gregoriano. E tenho meus motivos, é só você continuar lendo esta carta - e sei que você tem saco o bastante para isso. Pra falar a verdade, eu continuo acreditando no senhor e que o senhor apareça para todas as crianças boazinhas, mas acontece que você não apareceu aqui em casa este ano. Não estou reclamando - afinal, este ano não fui uma criança boazinha e não o pretendo ser para o resto da minha vida, já que fazer as coisas do jeito certo e bonzinho sempre é um saco e não traz alegria nem diferença nenhuma pra vida. Tá certo que também não precisava me sacanear por via da minha mãe, que um dia depois me deu uma lixa de unha quando eu pedi e disse que foi o senhor que mandou, atrasado. Tô desconfiando que tua mulher comprou aquilo em algum agacha-e-pega no qual cada unidade custa menos de 5 centavos e você ainda me deu usada. Putaria, isso.

Mas não foi por isso que eu queria escrever. Sei que você também já foi adolescente algum dia, naquela época distante em que ser papai para você era só um receio de quando você não usava camisinha de bucho de vaca, mas acontece que agora é minha vez, vovô. Sou eu que estou com todos aqueles grilos. Não, não esses babacas, eu tô grilado com umas coisas mas sei que o tempo vai me mostrando. Acontece que 2002 foi um ano diferente. Aliás, desde 2000, parece que minha vida vem mudando muito - é normal, você já deve saber disso, o PingüimNews deve ter uma seção para aborrecentes chatos. E, mesmo assim, parece que no final de cada ano eu acho que não vou mudar mais, vou continuar forever do jeito que sou, e mais uma vez quebro a cara. Felizmente, todas elas foram para a melhor. Em especial 2002. Tenho certeza que nunca olhei para trás e admirei um ano que nem este que está terminando, e tenho certeza que você meteu o dedo nessa história - felizmente, né?

Foi especial, principalmente, porque foi repleto de momentos felizes e alegres como eu nunca tinha visto. Andei mais com os meus amigos, foi uma interação, uma diversão muito batuta. Mesmo que tenha sido sempre por alguns poucos momentos, foram por esses poucos momentos que aprendi a aproveitar cada vez mais as oportunidades que me são dadas. Certo que não sou nenhum ph.D (ainda) nessa coisa, mas continuo lutando e tentando - afinal, nada ensina mais do que a persistência. E, ainda assim, os momentos não-batutas que aconteceram podiam ter me jogado no chão e me destruído, como algumas vezes ainda conseguiram, mas parece que conforme o tempo passa você não vê isso mais como coisas ruins e sim como um aprendizado - não, não vou poupar você dessa frase clichê.

Apesar disso tudo, fui afetado por momentos nos quais pensei demais em mim e esqueci do ambiente que me cercava. Na verdade, modéstia a parte, quando eu não estou influenciado por algo que me controla assim costumo ser uma pessoa muito agradável e alegre, fazendo piadinhas de todas as formas... isso foi algo que sempre admirei no meu pai e gostaria de continuar passando para as pessoas - não sei se consigo. Mas todo mundo notou a diferença quando fui afetado e o resultado não foi nem um pouco agradável. Desculpôncios, mas as vezes você não tem experiência o bastante para basear suas atitudes e pensamentos e, na pior das hipóteses, o que acaba acontecendo é que você sente na pele o resultado de suas atitudes. E, mesmo assim, haviam momentos nos quais eu queria mudar e não conseguia. É difícil, é difícil, mas não é impossível. Só queria um pouco de solidariedade e ajuda dos companheiros. Já dizia um ditado de um país escandinavo que eu esqueci - "ame-me quando eu menos mereço pois é quando mais preciso". No entanto, devo dizer que se já descobri que isso aconteceu, posso considerar um certo avanço. Quanto às atitudes, não posso dizer o mesmo, mas heck, Papai Noel, o ano é curto e só tem 365 dias - e não me venha com a gracinha de que ano bissexto é maior, porque se um dia fizesse diferença na porra da sua vida você certamente distribuiria os presentes em dois dias e não em um só, e você não o faz.

Também me decepcionei com certas pessoas, Claus. Me decepcionei mesmo, continuo decepcionado e não tenho vergonha de admitir que me decepcionei. Afinal, seres humanos são falhos e isso me inclui - e isso te inclui também, tá? Entretanto, aprendi a confiar mais nas pessoas. Em algumas, pelo menos. Sei que ainda vou me decepcionar com algumas pessoas, mas espero que com mais nenhuma as quais conheço agora. As vezes segurar as coisas e devaneios alheios te deixa louco, e falar isso para alguém te deixa mais ainda, mas foda-se, é para isso que vale viver. Já disse ano passado que os anos passam e os problemas continuam. Outra coisa que eu queria comentar é que esse ano eu escrevi pouco. E, quando escrevi, basicamente tudo era sobre nostalgia. Na verdade, eu falo que eu não vivo do passado e de certa forma é verdade, mas ela ainda é deveras presente na minha vida. Não quero que ela desapareça, mas quero também me desprender um pouco do que já aconteceu e viver coisas diferentes. Um pouco de criatividade a mais, se possível, também seria recebida com muito agrado.

Sabe, Papai Noel, na verdade escrevi essa carta para fazer o meu pedido para 2003 - se ele vier espaçado, como vieram todas as mudanças e coisas diferentes da minha vida esse ano, não tem problema de você não me trazer nada de novo. Gostaria, primeiramente, que você protegesse todos os meus amigôncios - eles são um grande motivo de eu continuar aqui, firme e forte, vivendo minha vida. Gostaria também que você continuasse me dando forças para lutar pelos meus objetivos, sejam lá eles qual forem - é bom saber que você vive em função de alcançar algo que você quer possuir, alcançar, ou até mesmo conviver. Também sou a favor de você me ajudar a corrigir esses probleminhas que tive durante o ano, e que consigas me deixar no caminho certo quando se trata das coisas que acho que acertei. Mas, acima de tudo, continue quebrando minha espectativa de que eu não vou mudar mais. A mudança é uma coisa incrível. Mais incrível ainda quando você olha para trás e repara que você mudou. E, acima de tudo, que eu não fique sabendo disso. Que eu arrisque mais, que eu seja mais descarado, que eu me meta em mais confusão e que eu continue vivendo feliz como eu estou agora, Papai Noel. Ia pedir também para você fazer ser sempre Setembro, Outubro e Novembro, que é a época que mais gosto do ano, mas como sei que você não vai fazer mesmo, deixa pra lá. Bitocôncias na ponta do nariz da Mamãe Noel e abracetas para você, Papai. Continuo acreditando que você é um velho batuta.

-- Billy.

3:24 PM.

 

 

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