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e meio.

terça-feira, junho 26, 2001

Uma simples tarde de uma quinta-feira, o elevador vazio. Sobe! No 27º andar do prédio residencial La Bella Lunna, entra um homem de seus 40 anos. Plim! O elevador desce até o 23º, quando entra uma garota e seu namorado, ambos na faixa de uns 22 anos. Plim! Por fim, no 20º andar o elevador pára novamente e entra uma senhora, já bem idosa. Plim! E desce!
Alguns segundos depois, o 'pfffff' é inconfundível. Mais um tempo, e o odor sobe ao nariz das pessoas. Imediatamente, começa a reação entre estes. Os olhares se entrelaçam, afiadamente acusando uns aos outros apenas com os olhos. Ao mesmo tempo, todos acabam por lembrar de também ficar na retaguarda, pois quem sabe não 'escapou' ?
Situação constrangedora. Aquele sentimento de 'alguém-peidei-não-sei-quem-fui'. O clima no elevador sobe a seus 40, 50, 1000 graus Celsius. Afinal, quem é que vai dar algum parecer em um momento tão tenso quanto este? Os segundos parecem horas... e nada, o cheiro persiste e ninguém pode nem citar nem acusar ninguém. Da boca da senhora de 70 anos saem alguns movimentos, caracterizados por uma risada e depois um pequeno comentário:
- Ora, ora... eu não fui, rapazes! Tenho 70 anos... mas, se eu conseguisse soltar um peido, certamente eu estaria feliz da vida! Minha prisão de ventre me castiga há 58, acho que 59 anos já...
O comentário era puramente desnecessário à essa altura do campeonato. Ninguém mais se pronunciaria. Todos já tinham sua idéia formada, todos já tinham tentado se matar de alguma forma; seja ela psicologicamente, seja ela fisicamente. O pior, no caso, é caracterizado pelos pensamentos que vem à cabeça de quem participa do ocorrido. 'Quem peida sabe o cheiro que ele tem, raios'; 'Mas que futum! Será que quem peidou já cagou alguma vez na vida?'; 'Hmm... será que foi o porquinho ou o camarão?'; e muitos outros comentários desnecessários. Alguns até se cagavam de rir no pensamento, certamente.
O problema é que eles ainda estavam no 13º andar, quando o elevador pára mais uma vez! Agora entra um senhor, um pouco mais novo do que a senhora que já estava presente ao recinto. Todos os antigos 'participantes' do Clube do Cheiro agora haviam se unido em uma forma só, aquele grupo dos 'cara-de-culpados' perante o julgamento do senhor que havia acabado de entrar. Algumas caretas partiam da cara do senhor, mas que logo depois desapareceram seguidos de uma gargalhada. E plim! 7º andar, o senhor que há pouco havia entrado saiu.
Os 4 novamente, face a face. Arma a arma. Neste momento, o casal de namorados acaba por virar para trás e encarar os dois outro presentes, já decididos de que certamente não haviam sido eles. Com o comentário da senhora ainda na memória dos presentes, as atenções viram-se para o senhor de 40, até então a vítima restante; isso perante a veracidade dos comentários dos presentes, claro. Logo, ele retruca:
- Não, não fui eu. Não virem com essa cara, acabei de voltar do banheiro!
O clima volta ao original. 4 histórias, 4 pessoas, 1 cheiro - aquele! E o elevador continuava a descer... 3º, 2º, 1º andar! O suplício terminara? Não, o elevador não quebra. Ele consegue seguir o seu caminho até o térreo. Abrem-se as portas, a porta do paraíso. Um pouco mais à frente, as 4 testemunhas do 'barro a vapor' se separam, sem se entreolhar. No entanto, todos não resiste a olhar para trás e observar os outros, todos, olhando para suas mãos e caindo na crendice popular da 'mão amarela'. E assim, viram-se para seus caminhos e seguem, alegres, por encontrarem o paraíso e por descobrirem o último mistério ocorrido com si próprio : O Mistério do Cheiro Estranho.

8:55 PM.

 

 

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