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e meio.

segunda-feira, junho 18, 2001

Essa é, certamente, uma das piadas mais elaboradas que eu já vi. Certamente, você terá contrações gástricas graves ao lê-la. Se você conseguir chegar ao final dela, gargalhe! Rir é bom... ainda mais com esse texto. Mas, atenção! (Atenção o cacete, leia se quiser!)

Aeroporto de Buenos Aires, 15:30. Pequeno mal-estar causado por uma cólica
intestinal, mas nada que uma urinada e um flato não aliviasse. Mas atrasado
para pegar ônibus que o levaria para o outro aeroporto da cidade, de onde
partiria o vôo para Córdoba, resolveu segurar as pontas. "Afinal de contas,
são só uns 15 minutos de viagem. Chegando lá, tenho tempo de sobra prá dar
aquela mijadinha esperta." Tranquilo. O avião só saía às 16:30.
Entrando no Ônibus, sem sanitários, sentiu a primeira contração e tomou
consciência de que sua gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um
parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do outro aeroporto. Virou
para o amigo que o acompanhava e sutil, falou: "Cara, mal posso esperar prá
chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro" Nesse momento,
sentiu o urubu beliscando sua cueca, mas botou o esfíncter prá trabalhar e
este segurou a onda.
O ônibus nem tinha começado a andar quando para seu desespero, uma voz em
castelhano disse pelo auto-falante: "Senhoras e senhores, nossa viagem entre
os dois aeroportos levará em torno de 1 hora". Aí o urubu ficou maluco
querendo sair a qualquer custo ! Fez um esforço hercúleo para segurar o trem
merda que estava prá chegar na estação cú a qualquer momento. Suava em
bicas. Seu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou prá tirar
sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais sonoras
indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava
se distrair vendo a paisagem mas só conseguia pensar em um banheiro, não com
uma privada, mas com um vaso sanitário. Tão branco e tão limpo que alguém
poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então: branco e macio e
com textura e perfume e - ops! - sentiu um volume almofadado entre seu
traseiro e o assento do ônibus e percebeu consternado que havia cagado. Um
cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor.
Daqueles que dá vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a
apreciar, na privada, tão perfeita obra: dava prá expôr na bienal. Mas sem
dúvida, não nesse caso.
Olhou para o amigo, procurando um pouco de soliedariedade, e confessou
sério: "Cara, caguei."
Quando o amigo parou de rir, uns cinco minutos mais tarde, aconselhou-o a
ficar no centro da cidade, escala que o ônibus faria no meio da viagem, e
que se limpasse em algum lugar. Mas ele resolveu que ia seguir viagem, pois
agora estava tudo sob controle. "Foda-se, me limpo no aeroporto."-
pensou -"pior que isso não fico"
Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. Ele arregalou os
olhos, segurou-se na cadeira mas não pôde evitar, e sem muita cerimônia ou
anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez como uma pasta morna.
Foi merda prá tudo que é lado, borrando, esquentando e melando bunda,
cuecas, barra da camisa, pernas, panturrilhas, calças, meias e pés. E mais
uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do
freguês ao sair rumo à liberdade. E depois um peido tipo bufa, que ele nem
tentou segurar, afinal de contas o que era um peidinho prá quem já estava
cagado. Já o peido seguinte foi do tipo que pesa e ele se cagou pela quarta
vez. Lembrou-se de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que
resolveu botar um modess na cueca, mas o colocou com as linhas adesivas
viradas para cima e quando foi tirá-lo, levou metade dos pêlos do cú junto.
Mas era tarde demais pra tal artifício absorvente. Tinha menstruado tanta
merda que nem uma bomba de cisterna poderia ajudá-lo a limpar a sujeirada.
Finalmente chegou ao aeroporto e saindo apressado mas com passos curtinhos,
suplicou ao amigo que apanhasse sua mala no bagageiro do ônibus e a levasse
ao sanitário do aeroporto para que ele pudesse trocar de roupas. Correu ao
banheiro e entrando de box em box, constatou a falta de papel higiênico em
todos os cinco. Olhou pra cima e blasfemou: "Agora deu, né?". Entrou no
último, sem papel mesmo, e tirou a roupa toda pra analisar sua situação (que
concluiu como sendo o fim do poço) e esperar pela mala da salvação com
roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no seu
dia. Seu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o "check-in" e ia
correndo tentar segurar o vôo. Jogou por cima do box o cartão de embarque e
uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto. Ele tinha despachado a
mala com roupas. Na mala de mão só tinha um pulôver de lã gola "V". A
temperatura em Buenos Aires era de aproximadamente 35 graus.
Desesperado, começou a analisar quais de suas roupas seriam, de algum modo,
aproveitáveis. Suas cuecas, jogou-as no lixo. A camisa era história. As
calças estavam deploráveis e assim como suas meias, mudaram de cor tingidas
pela merda. Seus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 à 10. Teria que
improvisar. A invenção é mãe da necessidade, então ele transformou uma
simples privada em uma magnífica máquina de lavar. Virou as calças do lado
avesso, segurou-a pela barra, e mergulhou a parte mais atingida na água.
Começou a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. Estava
pronto para embarcar.
Saiu do banheiro e atravessou o aeroporto em direção ao portão de embarque
trajando sapatos sem meia, as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao
joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola "V" sem camisa. Mas
caminhava com a dignidade de um lorde.
Embarcou no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o
"rapaz-que-estava-no-banheiro" e atravessou todo o corredor até o seu lugar
bem no fundo, sob olhares e narizes franzidos. Sentou no assento ao lado do
amigo que sorria. A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo.
Ele chegou a pensar em pedir uma gilete prá cortar os pulsos ou 130
toalhinhas perfumadas prá disfarçar o cheiro de fossa transbordante, mas
decidiu não pedir: "Nada, obrigado, eu só quero esquecer esse dia de merda".
Não achou graça no trocadilho.

Não percam um dia desses - um dos meus textos sobre nostalgia =P

10:54 PM.

 

 

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